Um rascunho sobre o ódio santo
20:47Você sabia que o cerne do cristianismo NÃO é o amor, mas a verdade?
Você sabia que o amor só pode ser definido à luz da verdade e que, do contrário, poderíamos aquiescer a qualquer definição de "amor" proposta por qualquer religião, de sorte que o amor pressupõe a verdade?
Você sabia que o púlpito tem sido enfraquecido pela fusão dos signos do cristianismo aos da pós-modernidade, e que isso tem resultado em uma mudança na mensagem do evangelho?
Você sabia que essa mudança encontra assento em uma difusão da totalidade das verdades bíblicas?
Você sabia que Deus não é somente amor, mas também é ódio* (Dt 9.3; 2Cr 30.8; Jó 9.13) e que ambos os atributos não podem ser definidos nem explicados a parte do ente divino, não correspondendo esses predicados, portanto, aos universais do platonismo?
Você sabia que, dado o enfraquecimento dos púlpitos e, por resultado, dos cristãos hodiernos, o ódio santo não apenas tem sido omitido na exposição das verdades bíblicas como tem sido reputado por ofensivo e politicamente incorreto, mesmo sendo um ensino tão essencial na palavra de Deus e mesmo tendo sua dimensão metafísica na própria perfeição do Deus Trino?
Você sabia que a omissão perversa da igreja atual em incluir o ódio de Deus nas homilias e na catequese tem resultado em uma geração de crentes débeis, que professam um cristianismo anômalo e sincrético, mais alinhado ao pós-modernismo do que à sã doutrina?
Você sabia que a maioria avassaladora dos crentes, por expressar asco ao ódio santo, segundo sua ignorância e formação doutrinária difusa, mantém uma compreensão totalmente equivocada sobre os valores divinos, sobre o próprio ser de Deus, e sobre campos do saber, como a soteriologia e cosmovisão cristãs?
Você sabia que a maior parcela de culpa pelos problemas atuais na política e cultura nacional é da igreja hodierna (guardadas as exceções, evidentemente), por sua ausente voz profética, pela projeção de uma fé conivente, diluída em definições alternativas de "amor" e pela renúncia generalizada e patética em odiar aquilo que é odiável?
Você sabia que o amor de Deus, o qual deve ser replicado na conduta cristã, não se dissocia do ódio divino, o qual também deve ser replicado na práxis?
Você sabia que odiar pessoas NÃO implica em fazê-las o mal (Lc, 6.27) pessoalmente, mas a impiedade das pessoas PRECISA ser punida legalmente (conforme julgamento formal, com direito à defesa judicial por parte do acusado), e que às vezes, segundo a Escritura, esta punição é de morte (Rm 13.14)?
Você sabia que Deus pune algumas pessoas com pena de morte, e que Ele faz isso por meio do Estado, de modo que um governo alinhado aos princípios cristãos (portanto, um governo justo, verdadeiro e correto) precisa ter pena de morte para alguns casos?
Você sabia que, à luz de tudo isso, pregar o amor de Deus deveria equivaler a pregar a Sua verdade, e nela se inclui o ódio às coisas odiáveis (Is 61.1,2; Ef 5.11)?
Você sabia que afirmar o amor divino preterindo o que o Senhor revela acerca de Seu ódio, não faz de você um cristão piedoso, mas um crente meio estúpido, co-responsável pela perpetuação da maldade no mundo, seja na forma de ideias, religiões, cosmovisões e sistemas de pensamento, seja nos alcances práticos de tais formas teóricas?
Você sabia, por fim, que, caso você tenha se identificado com esta profissão cristã e tenha se flagrado em ignorância e omissão, você pode se arrepender de seu pecado e ser perdoado pelo Deus amoroso (1Jo 1.9) justamente porque este Deus amoroso, tendo em vista a remissão de seus escolhidos, aplicou todo o Seu ódio santo na pessoa de Cristo, punindo o Justo outrossim por este pecado que você manifesta hoje? Sabia que, caso você se sinta exortado por este artigo, isso pode redundar-lhe em fruto de justiça (Hb 3.13)?
Nota
*Embora o termo "ódio" tenha sido deliberadamente escolhido para este texto em virtude de seu apelo semântico, à luz do instrumental exegético ele não é o mais acurado, conforme gentilmente apontou o irmão Higor Crisóstomo ao ler o artigo, visto que o termo "ira" se aplica melhor àquela perfeição de Deus. Em todo caso, grato ao irmão Higor, mantenho a palavra "ódio" conquanto o leitor se comprometa a jamais conceber este atributo divino como uma perturbação emocional essencialmente humana e ligada ao pecado.
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