Pedagogia sócio-construtivista e a Escritura
12:34Há algo de muito estranho na pedagogia sócio-construtivista ou, simplesmente, a pedagogia de Paulo Freire. Algo não parece certo.
Até algum tempo atrás, quando um professor ia ensinar alguma coisa, o pressuposto mais rudimentar adotado, mesmo que implicitamente, era o da existência de uma verdade absoluta e objetiva, a qual haveria deveria ser aquiescida pelos alunos. O segundo pressuposto fundamental era o de que o professor deveria saber mais sobre o assunto a ser ministrado do que seus alunos, e por isso era o professor quem o ministrava, o que nos leva ao terceiro pressuposto básico: se a verdade era objetiva e o professor era creditado como seu arauto, logo, a aula consistia na transmissão deste conhecimento, do professor aos alunos. E ninguém ficava tristinho ou se sentia oprimido.
Hoje, esse modelo pedagógico não é apenas considerado anacrônico, mas rude, opressor e arrogante. Hoje, a síntese da teoria pedagógica é a de que o conhecimento é subjetivo e, portanto, o trabalho de um professor não é ensinar algo a qualquer pessoa - tal empreitada o transformaria em um saudosista do escolasticismo medieval - , mas auxiliar seus interlocutores a encontrar a verdade por si mesmos por meio de seu contato com o mundo e pela suposição falaciosa de que o método indutivo pode produzir conhecimento. Hoje, a pedagogia adotada é a de Paulo Freire e seu método é o sócio-construtivismo.
Eu me pergunto se Pedro, em seu discurso de Atos 3, deveria ter empregado a pedagogia de Paulo Freire e, ao invés de declarar verdades e ainda chamar ao arrependimento seus ouvintes, sentar-se com eles em uma roda (para quem sabe amenizar visualmente a hierarquia do conhecimento) e perguntar como cada um de seus ouvintes se sentia em relação à possibilidade de arrependimento diante do Deus Santo.
Também me questiono se João adotou a pedagogia correta quando disse que a comunhão para com Deus só seria possível caso seus ouvintes adotassem exatamente o seu ensino (1Jo 1.3). Talvez João devesse ter enfatizado a dimensão social do aprendizado, deixando que o contato com o meio produzisse nos seus ouvintes toda a informação bíblica necessária para a salvação.
Jesus, por sua vez, talvez tivesse outra coisa em mente quando orientou seus discípulos a pregar o evangelho e formar mais discípulos ensinando-lhes tudo o que deveriam saber acerca da doutrina cristã (Mt 28). Para os parâmetros hodiernos, os pressupostos pedagógicos de Jesus são, de fato, indigestos.
Portanto, é evidente que a Escritura defende um modelo pedagógico com premissas muito bem delineadas. Conquanto um professor realmente detenha a verdade sobre certo nicho de conhecimento, segundo a graça e a capacitação de Deus recebida, ele realmente detém esta verdade e deve transmiti-la a seus alunos. Estes, por sua vez, carecem do conhecimento que seu professor intenta transmitir. Este conhecimento é objetivo, absoluto e transmitido em uma linha que vai do professor ao aluno. Esta é a pedagogia bíblica.
Imagine, assim, se o evangelismo e o discipulado fossem orientados segundo o sócio-construtivismo: NENHUM conhecimento seria transmitido e nenhum discípulo, ao menos do cristianismo verdadeiro, seria formado. E isso em nome das premissas politicamente corretas da renúncia da autoridade e da reivindicação da verdade sobre determinado assunto.
A ideia de que a "verdade" ou conhecimento está em cada um de nós e de que precisamos apenas da intermediação de um "guia" a fim de descobri-la por nós mesmos pode parecer piedosa e sábia, e sem dúvida ela está em voga, mas não é verdadeira. Pode soar exótica e interessante, com ares de ying yang e sabedoria milenar, mas oculta uma disposição carnal, rebelde e bastante estúpida. Não é esta pedagogia que a Bíblia nos orienta a adotarmos.
Alguns poderiam argumentar, com base em Romanos 2.15 e outros, que, a verdade, com efeito, está em cada um de nós e, assim, reivindicar a validade do sócio-construtivismo. Mas embora seja verdadeiro que o homem porte, inerentemente, conteúdo proposicional, informações e categorias de verdade, é igualmente factual que ele as nega em virtude de sua corrupção e, negando a Deus, destrói a possibilidade de conhecimento (Rm 1.21,22).
Assim, precisamos não de um "guia", mas de um legítimo porta-voz. Precisamos ser ensinados. Precisamos de conteúdo externo e de verdades que não conheceríamos se algum professor não as trouxesse. Precisamos enterrar o método de Paulo Freire, com suas premissas marxistas, e adotar os pressupostos pedagógicos legitimados pela Escritura.
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