A bola da vez nas mídias sociais é a questão de o nazismo ser um regime de direita ou de esquerda. Está borbulhante.
Todo mundo só fala nisso. Todavia, não por vontade dos conservadores e das pessoas mentalmente sãs. Por essas, não há o que debater. A questão é cristal clear. Mas o burbúrio, vindo dos esquerdistas, com o cinismo e paralaxe cognitiva que lhes são característicos, precisou ser endereçado pelos direitistas. Então, de novo, uma questão de obviedade patente torna-se pauta de discussões entre os pseudo-entendidos como se a problemática fosse ainda uma pauta em aberto.
Ora, é claro que o propósito de se pôr em dúvida aquilo que a lógica e a história já encerraram como certo é justamente o de se desviar a atenção das pessoas cujas mentes estão desguarnecidas e enfermas pelas décadas de lavagem cerebral progressista e, desviadas as suas atenções, problemas REAIS pelo mundo possam transitar, se não despercebidos, atenuados pela atenção desproporcional dada a querelas estupidamente óbvias.
Mesmo assim, a questão foi levantada pelos mimados mileniais e os adultos precisam fazer alguma coisa.
Então vamos lá: o nazismo é de direita ou de esquerda?
1. A esquerda gosta de governos enormes, regulando (leia-se "controlando") cada aspecto, cada dimensão da vida dos indivíduos. A direita não. O cristianismo também não. O nazismo sim.
2. A esquerda gosta de governos controlando a economia e se metendo nas relações comerciais entre os indivíduos. A direita não. O cristianismo também não. O nazismo sim.
3. A esquerda odeia Israel. A direita não. O cristianismo também não. O nazismo sim.
4. A esquerda é socialista por definição. A direita não. O cristianismo também não. O nazismo sim (NAZI = Partido Nacional-Socialista Alemão).
5. A esquerda gosta de imaginar, projetar e decretar (e sempre falhar miseravelmente...) cenários sociais utópicos e mergulhados em esperanças messiânicas forçadas guela abaixo para toda a população. A direita não. O cristianismo também não. O nazismo sim.
6. A esquerda odeia o cristianismo. A direita não. O cristianismo não se odeia (duh!). O nazismo sim.
7. A esquerda ama governos totalitários (A-MA!) como o venezuelano, como o cubano, como o norte-coreano. A direita os odeia. O cristianismo também os odeia. O nazismo ERA totalitário.
8. A esquerda ama ter os indivíduos de uma nação desarmados e sujeitos à graça de bandidos, de milícias ligadas ao governo, ou à própria força militar governamental. A direita não. O cristianismo também não. O nazismo sim.
Faça as contas!
Contudo, não importam a qualidade ou quantidade das evidências, os esquerdistas afirmam apaixonadamente que o nazismo foi um regime de direita.
Ahan... Foi sim...
O flerte da esquerda com absolutamente TODOS os caracteres do nazismo, inclusive o significado de seu nome, e a simultânea negação dessa identificação, é sintomático: esquerdistas sofrem de doença epistêmica. Eles simplesmente não são capazes de enxergar a realidade como tal, em parte por lapsos cognitivos solidificados por uma vida inteira de doutrinação e aculturação; e em parte por conta de seu próprio comprometimento moral.
Sim, conhecimento e moralidade caminham de mãos dadas.
Não se enganem, amiguinhos. Como dois mais dois são quatro, nazismo é regime de esquerda. Mas... Você sabe: no Brasil progressita, perspicuidade é gnosticismo e senso comum é wishful thinking.
Clóvis de Barros, Mário Sérgio Cortela e Leandro Karnal são, hoje, as maiores representações, no nível popular, do que é ou deve ser um filósofo.
Eles estão na grande mídia e ministram cursos em universidades, além de pipocarem ad nauseam nas prateleiras de "filosofia" das livrarias. O mercado editorial os adora porque o grande público, completamente alheio à Filosofia e débil na articulação das mais rudimentares categorias de pensamento, os adora outrossim.
Mas eles não são filósofos. Nem de longe. O sorridente e patético trio de gurus da auto-ajuda não reconheceria um filósofo de verdade nem que este lhes socasse a testa com um grande anel ornado com a palavra filosofia em alto relevo.
Na verdade, eles exemplificam vividamente os predicados raso, estúpido, carente e, de especial modo, farsante.
Uma boa ilustração disso pode ser recrutada com o seguinte trecho de uma entrevista na qual Antônio Abujamra pergunta a Clóvis de Barros, por três vezes, o que é a vida. Clóvis, por duas vezes e vacilante como um estagiário, arrisca respostas diferentes, uma mais desesperada que a outra. Na terceira vez, mal disfarçando a própria incapacidade de responder a contento e emulando, quase involuntariamente, um sorriso de perplexidade, tem o seu silêncio interrompido pelo entrevistador, que encerra ali mesmo o programa.
https://youtu.be/ICjwBRDm2lA
Qualquer cristão responderia, imediata e intuitivamente, o que é a vida. Qualquer cristão! Mesmo os menos estudados. Mas Clóvis de Barros, um dos ícones da "filosofia" mainstream no Brasil, não soube responder, a despeito de seu vasto repertório de slogans genéricos e bregas, típicos dos discursos espiritualistas atuais.
Olavo de Carvalho, com a perspicácia aguda que retém um verdadeiro filósofo, sintetiza bem o caráter do trio. Ele disse em um de seus posts no Facebook:
"Nunca vi o Leandro Espiritual [Karnal], o Clóvis de Burros [de Barros] ou o Mário Sérgio Costeleta [Cortela] discutindo uma só questão filosófica. Só questões de etiqueta. Examinem e verão que é exatamente isso. Nada mais.
Notem bem. A trinca não ataca jamais questões de realidade, apenas profere juízos de valor, e ainda assim sem jamais problematizar os fundamentos racionais e existenciais dos valores escolhidos, mas tomando apenas como critério final e indiscutível, ao qual os três procuram se amoldar da maneira mais simpática e risonha possível, o gosto da platéia e as opiniões predominantes da mídia. Se isso é filosofia, uma galinha d'angola é um leão enfurecido.".
Pois bem. Clóvis de Barros, na referida entrevista, não soube responder o que é a vida. Se ele simplesmente respondesse um "não sei", não deixaria de ser ridículo, mas também mereceria alguma piedade. Talvez até alguma empatia profissional. Contudo, ao invés de reconhecer a própria ignorância, Clóvis buscou preencher o vazio com rascunhos trêmulos e rasos, que poderiam muito bem ter sido retirados de biscoitos da sorte servidos em restaurantes chineses.
Clóvis de Barros, Mário Sérgio Cortela e Leandro Karnal não são filósofos. Eles são, na melhor das hipóteses, palestrantes motivacionais reprodutores do que o mais cafona besteirol Nova Era poderia oferecer.
Dois mais dois é igual a quatro. Sempre foi e sempre será. Não pode ser igual a 3,99999.... nem a 4,00001... Não. Dois mais dois é igual a quatro. Se existem loucos e dementes que negam essa realidade, ela não perde um milímetro de sua natureza por causa de sua insensatez. Ao contrário, ela continua sendo bastante dura. Ela não se importa que alguns não gostem dela como ela é. Ela é o que é.
O certo é sempre certo e o errado é sempre errado. Não existe um cenário possível em que o errado justifique o certo, em qualquer nível, em qualquer circunstância. Certo é certo e errado é errado. Se existem maus e injustos que empreguem esforços para inverter essa realidade e fabriquem uma proposta ética alternativa, a realidade mesma não mudou por causa disso. Ela continua igual: o certo é certo e o errado é errado. Ela continua inflexível.
O belo é sempre belo. Não há como o belo ser feio nem como a não-beleza tornar-se beleza. E apesar de a feiura poder, eventualmente ser vista como bela, essa beleza jaz na feiura em um sentido diferente do pretendido em primeira mão. No mesmo sentido, o belo é belo e o feio é feio. Se existem perversos que queiram tornar o feio como belo e o belo como feio, sua intenção não tem o menor poder de alterar a realidade dos fatos. O belo é belo e o feio é feio. Essa é a realidade. Não há maleabilidade nela.
Moral da história:
Por mais dura e inflexível que a realidade se apresente, ela é assim mesmo: dura e inflexível. Não há espaço para exceções nem variações. A realidade não pode ser torcida, nem mesmo um pouquinho, na ordem de acomodar as consciências e intenções dos homens de pouca rijeza, dos homens mais flexíveis.
Ora, a minha dureza e rijeza de opiniões, intenções e ideias é um eco da ordem real dos fatos e a ordem real dos fatos é inflexível. Minhas posições mais filosóficas derivam imediatamente de minha cosmovisão e essa, da realidade, porque vem do ser de Deus e Deus é a realidade - dura, inflexível, imaleável, imutável, eterna, absoluta.
Esbravejar contra a dureza, contra a inflexibilidade e contra a imaleabilidade é esbravejar contra a realidade mesma.
De fato, eu posso entender os apelos dos homens mais flexíveis à uma postura menos rígida. Posso mesmo! A rijeza produz desconforto e não raro, tristeza. A inflexibilidade fustiga a consciência e gera um incômodo visceral e incessante. A imaleabilidade põe termo em muitas vontades e impede que sejam satisfeitas. Viver na realidade é, de um modo bastante contundente, viver na tristeza.
Portanto, eu entendo os constantes apelos que recebo à flexibilidade. Uma disposição mais flexível tornaria minha existência mais fácil. As coisas seriam mais simples. E esses homens não seriam incomodados pela lembrança de que a realidade é dura todas as vezes que vissem em mim as evidências de uma vida cativa à ela.
Enxergar as coisas como elas são, viver de acordo e não tentar fugir com alternativas menos rígidas e mais maleáveis é tentador para mim. Mas eu prefiro a angústia da realidade. Paradoxalmente, essa angústia não me torna uma pessoa alegre, mas me faz feliz.
Viver na realidade é para poucos.
Assim, queridos amiguinhos mais moles e maleáveis: vão caçar sapo e me deixem em paz.
Poucas afirmações, em toda a história da humanidade, poderiam ser tão perturbadoras como essa, que foi proferida pelo papa (sic.) Bergoglio em entrevista publicada ontem no jornal italiano La Repubblica.
Na verdade, se essa fala tivesse sido ventilada por algum ditador comunista ou psicopata alucinado - que são mais ou menos a mesma coisa - ela não deixaria de ser ofensiva e indigesta, todavia, não seria um produto diferente do que normalmente se deve esperar de ambos. Mas não. Ela foi pronunciada por um dos maiores representantes institucionais do cristianismo no mundo, o que faz qualquer indivíduo com razoável senso de realidade desvanecer em assombro diante de tão abjeta e pervertida apresentação dos fatos.
Vejamos se realmente comunistas pensam como cristãos e se, no pensamento cristão, um suposto grupo desfavorecido é que deve ditar as diversas políticas em uma sociedade.
Metafísica
A "metafísica" dos comunistas ou marxistas é, com efeito, ontologia. Uma vez que sua visão é essencialmente materialista, para eles, não existe nada além do universo físico. Causas e arranjos inteligentes são apenas ordenações felizes de átomos, moléculas, formas e elementos.
A metafísica dos cristãos começa e termina com o ser eterno, puro, simples, absoluto e pessoal do Deus-Trindade, que é distinto do universo. Este é resultado de deliberada e teleológica criação. Além disso, o universo é movido e sustentado por uma ação imanente e exaustiva de Deus.
Filosofia da História
A filosofia da história dos comunistas ecoa muito bem seus pressupostos metafísicos, ou seja, não existe um ordenamento inteligente e proposital na história. A história é apenas uma sucessão de eventos no espaço-tempo sem significado objetivo algum.
A filosofia da história dos cristãos também deriva de sua metafísica. O mesmo Deus que criou o universo com um propósito específico conduz a história em seus mínimos detalhes para uma consolidação específica.
Epistemologia
A epistemologia dos comunistas é um assustador mosaico de ideias conflitantes e asserções injustificáveis. Ela, em seus melhores dias, se baseia no método científico da lógica indutiva e do empirismo. E, nos maus dias, quando se dá conta de que a indução e o empirismo não podem promover qualquer conhecimento real, afunda no niilismo.
A epistemologia dos cristãos parte de um ponto único e central, auto-autenticável e de amplo alcance filosófico, que é a Bíblia. A partir da Bíblia, todo o sistema de pensamento é construído por lógica dedutiva em um sistema racional redimido pela Escritura, inspirada por Deus.
Ética
A ética dos comunistas é uma ética arbitrária relativista, que não encontra nenhum fundamento mais sólido do que o próprio homem ou, em termos mais amplos, do que sociedades particulares. O certo e errado não são mais "certo e errado" do que se convenciona em dada cultura. Além disso, sua ética é situacionista e utilitarista, o que significa que os princípios morais estabelecidos pelos agentes éticos variam conforme as circunstâncias. O errado de hoje pode se tornar o certo de amanhã, sem problema algum.
A ética dos cristãos baseia-se em sua metafísica, de tal modo que se pode falar em uma metaética. Os valores éticos são absolutos pois partem de Deus - de seu caráter e revelação. Eles também são objetivos porque têm o seu locus fora do homem.
Antropologia
A antropologia dos comunistas é materialista. O homem, em última análise, não é mais do que matéria. Não existe no homem nada que o torne especial senão sua inteligência superior. Essencialmente, homens e plantas não são diferentes.
A antropologia dos cristãos afirma que o homem é um ser especial, pois foi criado por Deus à sua imagem. O homem, mesmo nascendo em pecado e, portanto, merecedor da condenação divina, ainda assim é considerado por Deus como um ser distinto cuja vida e propriedades têm um valor especial.
Sociologia
Na sociologia comunista, o homem nasce bom e é corrompido pela sociedade. Os indivíduos não são realmente culpados por suas transgressões, antes, essa culpa é abstraída no coletivo, segundo o interesse do momento para o Estado. Os grupos minoritários é quem dão a tônica para certas políticas econômicas e de segurança, ao menos até que o Estado esteja fortalecido o suficiente para não precisar mais do artifício tático de separar os cidadãos em grupos e instigá-los ao conflito.
Na sociologia cristã, o homem nasce mau, corrupto e com ódio de Deus. Uma sociedade má é assim porque é constituída de indivíduos maus. Os indivíduos são culpados por suas transgressões e devem ser punidos por elas. Crimes que envolvem assassinato devem ser punidos com pena de morte. Os grupos minoritários não ditam nada. Nem tampouco os majoritários. A sociedade deve ser regida por leis que espelhem os valores divinos para sociedades, valores sempre baseados no indivíduo, no valor da vida humana, na propriedade privada e no livre comércio.
Política
Na estrutura política dos comunistas o valor da propriedade privada é questionado em função de uma suposta necessidade de igualdade social. A concentração de poder é outorgada ao Estado que deve se encarregar de cuidar dos cidadãos. Assim, a segurança dos cidadãos cabe ao Estado. A educação dos cidadãos cabe ao Estado. As posses dos cidadãos cabe ao Estado. As relações comerciais são controladas pelo Estado. O coletivo é posto como prioridade.
No pensamento político cristão a propriedade privada é, no sentido popular do termo, sagrada. Não deve haver igualdade social porque não é essa a vontade de Deus visto que, no sistema cristão, a pobreza não é necessariamente ruim, desde que o pobre tenha a dignidade do alimento e de uma estrutura básica para sobreviver. Quem distribui as riquezas é Deus e Ele o faz outorgando responsabilidades para o rico (para que faça um uso caridoso e responsável de suas posses) e para o pobre (para que confie na providência de Deus - que vem por intermédio do rico - e busque Nele sua esperança). Não há concentração de poder. O Estado é mínimo! A segurança dos cidadãos cabem, em primeira instância, a eles mesmos e, em última, ao Estado. A educação dos cidadãos cabem a eles mesmos e é desenvolvida no seio familiar. As posses dos cidadãos são suas. As relações comerciais devem ser livres. O indivíduo é posto como prioridade.
Diante do exposto, pergunto: Em que universo os pensamentos do comunismo e do cristianismo poderiam convergir para um ponto, qualquer ponto, em comum? Em que universo o cristianismo afirma que os pobres e "excluídos" devem ser os ditadores das asserções políticas?
Não há sequer um ÚNICO ponto de congruência entre as cosmovisões cristã e comunista.
A posição de Bergoglio acerca do cristianismo redefine o conceito de absurdo e nos constrange à oração: oração pelo Ocidente, oração pela consolidação do Reino de Deus e oração para que a graça divina alcance as principais autoridades intelectuais do mundo com discernimento e justiça.
Notas e referências
1. EFE. Papa diz que "comunistas pensam como cristãos", 2016. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/mundo/papa-diz-que-comunistas-pensam-como-os-cristaos/>. Acesso em 12 de nov. 2016