Trate o pecado como quem trata um câncer

17:32


Quando se trata da atitude particular diante de pecados pessoais ou "atos pecaminosos", os discípulos de Cristo frequentemente oscilam entre os extremos de uma práxis legalista e um aproach antinomista. Isso significa que um desbalanço relativo à labuta da santificação cristã é, de fato, uma possibilidade no discipulado; e, como tal, deve ser considerada por nós, que desejamos viver de modo agradável ao Senhor.

Excluindo, para nossos fins, o viés de cada um dos pólos e nos concentrando no apelo interior do Espírito à santificação pessoal, a Bíblia nos alerta para a realidade cancerígena do pecado. Sabemos que é tentadora a atitude de lidar com nossos pecados pessoais de modo complascente, conformista, despreocupado. Contudo, o próprio Deus-homem endereçou essa questão de modo bastante enfático:

"O que quer que lhe incite a pecar contra Deus, com voluntariedade e deliberação, aniquile!" (Mt 5.29).

O texto em questão enfatiza o drama da auto-mutilação como uma justa metáfora para a ortopraxia cristã: a atitude voluntária em se auto-mutilar já é, em si mesma, penosa. Levar a cabo a auto-aniquilação é algo ainda mais doloroso e carente de coragem e visão relativa ao evangelho. Não coincidentemente, a auto-aniquilação foi um dos pilares da missão de Jesus em sua humilhação (Fp 2.7).

E além da auto-mutilação, Jesus também enfatiza a urgência e a prontidão na relação com o pecado. Não existe a possibilidade de qualquer diálogo com o mau, seja tentando entendê-lo, seja tentando definí-lo. Ao menor sinal da presença do pecado, a atitude ensinada pelo Senhor é a de aniquilá-lo pela raiz, ou seja, cortar em nós seja lá o que nos levar a produzir determinado mau, pois nos convém mais que se perca um de nossos membros do que todo o nosso corpo ser lançado no inferno (Mt 5.29b).

A conclusão é que o texto em questão endereça a natureza hedionda do pecado e nos convida a buscar a pureza. É verdade que uma ênfase na piedade, sem o devido amparo teológico, pode conduzir a um pensamento e atitude legalistas. Ao mesmo tempo, é verdade que a ausência de preocupação para com uma vivência cristã correta pode evidenciar, na pessoa, a ausência de comunhão com Deus (1Jo 3.9).

Com efeito, ninguém deixará de pecar nesta existência, mas a necessidade de uma vida em santificação é uma verdade bíblica evidente, suficientemente clara para que qualquer leitor, em condições cognitivas regulares, possa perceber. Deus nos apela à razão e à volição regeneradas nos chamando a uma atitude drástica em relação aos pecados pessoais: aniquele-os!.

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